Orelha de couve

Ao conviver com praticantes de arte marciais e lutadores de modo geral é comum ouvir a expressão orelha de couve-flor ou orelha estourada. A orelha do lutador recebe diversos tipos de atrito e sofre alguns esmagamentos no decorrer dos treinos e principalmente nas lutas em campeonatos. A orelha deforma adquirindo um formato semelhante ao de uma couve-flor. Isso ocorre em diversas situações, ao sair de triângulo, de um 100 kg, em movimentos de passagem de guarda e as vezes até em reposições de posições, costumo dizer que o grau de dano sofrido pela orelha depende da quantidade de amasso sofrido nos anos de aprendizado do jiu-jítsu. 

As contusões nas orelhas geram hematomas entre a cartilagem e a pele que a cobre e a protege, o sangue do hematoma que ali fica, separa uma da outra (pele de cartilagem) resultando na desfiguração da mesma. Em relação à proteção a integridade física do atleta que quer participar desse tipo de modalidade esportiva existe no mercado, protetores acolchoados especiais para evitar danos às orelhas, contudo, orelha estourada ou de couve-flor tornou-se uma marca registrada dos lutadores, a ponto de alguns praticantes usarem alicates, o kimono, toalhas em casa em frente ao espelho e até mesmo no momento em que estiverem lendo esse texto em frente ao computador apertando a orelha com a mão com o intuito de quebrar a cartilagem... Tudo isso para acelerar o processo de deformação.

A única maneira de corrigir a lesão é  drenar o sangue e colar a cartilagem à membrana que a protege, se isso não for feito imediatamente, só restará à cirurgia plástica e, mesmo assim, dificilmente a orelha recuperará seu formato original.

Em meus anos de pratica e dedicação ao jiu-jítsu já vi muita coisa, inclusive drenagens de orelhas machucadas em academias, o cara colocava bastante gelo na orelha e depois um amigo vinha e com o uso de uma seringa e agulha fazia a drenagem do sangue na orelha, não recomendo esse tipo de ação e condeno essa pratica, acredito que esse procedimento deve ser executado pro um profissional da área. 

O problema não é apenas estético, no inicio da lesão é bastante doloroso, além do que, essa condição diminui a capacidade de audição do lutador e deixa a região vulnerável a infecções, sem mencionar o fato de que quase que fecha o orifício auditivo, agora imagine a seguinte situação: viagem longa de ônibus para aquele campeonato fora do estado, todo aquele tédio que é viajar de ônibus! Ai você lembra vou ouvir um som corre a mochila e pega o mp3 player para escutar sua banda preferida, mas ai lembra que o fone não cabe de forma alguma em seu ouvido...