sábado, 8 de setembro de 2012

Primórdios do Jiu-jítsu

Conde Koma MITSUYO MAEDA, conhecido no Brasil como Conde Koma, foi um praticante de judô tradicional, que em sua época era uma verdadeira arte marcial de combate e não havia, ainda, sido modificado por tantas regras desportivas. Maeda nasceu na Aldeia de Funazawa, Cidade de Hirosaki, prefeitura de Aomori, em 18 de Novembro de 1878.
Quando adolescente foi um praticante de sumô e com 17 anos matriculou-se na Kodokan (escola de judô ou Kano jiu-jitsu, de jigoro kano) e devido sua baixa estatura (1,64m e 64kg) foi confundido com um menino de entrega – vale ressaltar que naquela época ainda não se utilizava o termo judô e sim, Kano jiu-jitsu.
Com o objetivo de mostrar ao garoto que tamanho não importava no Kano jiu-jitsu, Jigoro Kano prontamente o apresentou a um dos professores da Kodokan, Tsunejiro Tomita, 4 dan e que, apesar de ser bem pequeno também, fora capaz de derrotar o campeão da época Hansuke Nakamura.
Conde Koma em trajes civis
Em 8 de dezembro de 1904 (já faixa preta), Maeda, Tomita e outro lutador de nome Satake, chegaram a Nova York, onde deram várias apresentações de judô/jiu-jitsu (nesta época a diferenciação ainda não existia e as artes eram consideradas as mesmas. Essa diferenciação só foi ocorrer formalmente no ano de 1950). Em 21 de fevereiro de 1905, eles deram uma demonstração de judô na Academia Militar dos Estados Unidos, em West Point, e a pedido da multidão Maeda lutou contra um cadete e o venceu com facilidade. Porém, todos queriam ver Tomita em ação, já que ele era o mais velho e supostamente o melhor lutador entre ambos. Tomita aceitou o desafio, e venceu com facilidade a primeira luta, porém contra um soldado de nome Tipton que também era jogador de futebol americano, Tomita falhou ao tentar derrubá-lo, além de ter sido imobilizado pelo grandalhão. Maeda ficou bastante decepcionado com Tomita e a amizade dos dois já não era mais a mesma. A partir daí, Maeda passou a aceitar desafios para provar a eficiência real da arte suave. Conde Koma passou, então, a viajar pelo mundo todo. Esteve em Cuba, Inglaterra, Argentina, México, Brasil dentre outros. Estipula-se que Conde Koma contabilizou mais de 1000 combates.
Numa dessas viagens Maeda esteve na Península Ibérica, e foi lá que ele adotou o codinome “Conde Koma”. A teoria mais aceita para este “nome” que Maeda assumiu é a de que Koma seria a abreviação da palavra japonesa “komaru” que pode significar incomodado/em situação difícil, que poderia ser financeira, ou ainda pelo fato de que o Conde Koma iria lutar contra um compatriota japonês naquela ocasião. Luta essa que, inclusive, Maeda perdeu.
Conde Koma, certa vez, afirmou a um jornal europeu que um influente cidadão espanhol, impressionado com as suas vitórias, postura e comportamento nobre , lhe deu o título Conde, e ele completou este título com o nome Koma. Disse também que em pouco tempo este “apelido” ficou mais conhecido que seu nome verdadeiro.
Mas foi no Brasil, em 1917, que Carlos Gracie, então com 14 anos, assistiu a uma demonstração dada por Maeda no Teatro da Paz em Belém do Pará, e decidiu aprender o “jiu-jitsu” (como a imprensa brasileira chamava a luta àquela época).
Carreira:
Estados Unidos:
Tomita, Maeda e Satake navegaram de Yokohama, em 16 de novembro de 1904, e chegaram a Nova York no dia 8 de dezembro de 1904.[5]
Em 21 de fevereiro de 1905, eles deram uma demonstração de judô na Academia Militar dos Estados Unidos, em West Point. A pedido da multidão, Maeda lutou contra um cadete e o venceu facilmente. Como Tomita havia sido quem executou os katas, os soldados queriam lutar com ele também. Ele primeiramente enfrentou Charles Daly, a quem venceu sem quaisquer problemas. No entanto, na luta seguinte, Tomita falhou duas vezes ao tentar derrubar o soldado Tipton, que também era jogador de futebol americano, com um golpe chamado tomoe-nage. Tomita era muito menor, por isso os japoneses reivindicaram uma vitória moral.[14]
Um relato fornecido pelo New York Times em 21 de fevereiro, referindo-se a Tomita como “Prof. Tomet”, afirma que:
O professor Tomita lutou com seu assistente, atirando-o como se fosse de borracha. Ele, então, chamou por voluntários entre os cadetes. Tipton, o robusto cadete que era center de futebol americano, subiu no tatame e logo os métodos do futebol derrotaram os do jiu-jitsu. O grandalhão prendeu o resistente japonês de costas para o chão três vezes sem ser derrubado [na tarefa]. O cadete Daly também derrubou o professor.[15] — ‘
Tomita e Maeda continuaram a apresentar o judô pela América. Em 8 de março de 1905, se apresentaram no New York Athletic Club. “O melhor golpe deles era uma espécie de ‘estrela voadora’”, dizia um artigo no New York Times, descrevendo a luta entre Maeda e John Naething, um lutador de 200 libras. “Por causa da diferença de métodos, os dois homens rolaram no tatame como se fossem adolescentes em uma briga de rua. Após quinze minutos de luta, Maeda conseguiu a primeira queda [primeiro ponto?]. No final, porém, Naething venceu a luta por imobilização [ou por pin fall mesmo]“, continua o artigo no New York Times.[16] Em 21 de março de 1905, Tomita e Maeda fizeram uma demonstração de “jiu-do” na Universidade de Columbia, onde participaram cerca de 200 pessoas. Após introduções e uma breve palestra, Tomita demonstrou técnicas de quedas e arremessos, enquanto Maeda, em seguida, derrotou o instrutor da universidade. De acordo com o jornal estudantil, “Outra característica interessante foi a exibição de alguns dos artifício obsoletos do jiu jitsu para a defesa utilizando um leque contra um oponente armado com uma espada curva japonesa”. As traduções foram fornecidos pelo químico Takamine Jokichi.[17]
Durante abril de 1905, Tomita e Maeda criaram uma associação de judô, em um espaço comercial na 1947 da Broadway, em Nova York. Eram membros deste clube, japoneses, incluindo expatriados,[18] e mais uma mulher chamada Wilma Berger.[19] Em 6 de julho de 1905, Tomita e Maeda fizeram uma demonstração de judô no YMCA em Newport, Rhode Island.[20] Em 30 de setembro de 1905, Tomita e Maeda fizeram uma demonstração em Lockport, Nova Iorque. Na ocasião, Tomita foi desafiado por Mason Shimer, que não obteve sucesso diante do japonês.[21]
Em 6 de novembro de 1905, Maeda foi relatado visitando o lutador e professor Akitaro Ono, em Asheville, Carolina do Norte,[22] após isso, Maeda já não era rotineiramente associado com Tomita nos jornais dos EUA. Em 18 de dezembro de 1905, Maeda foi para Atlanta, Geórgia, para um duelo profissional em Sam Marburger. O concurso foi melhor de três, duas quedas com judogi(kimono) e uma sem, Maeda e venceu as duas com judogi, mas perdeu a sem. De acordo com os documentos de Atlanta, Maeda declarou a sua residência como sendo o YMCA em Selma, Alabama.[23]
Europa
Antes de viajar para a Europa, Maeda e Satake foram para Cuba, juntamente com os professores Akitaro Ono e Tokugoro Ito. Todos eles envolvidos em desafios e combates. Foi durante este tempo que Maeda derrotou Adobamond, o lutador “número um” de Cuba.[24]
Em 8 de fevereiro de 1907, Maeda e Satake chegaram em Liverpool, Inglaterra. Lá, juntaram-se com Akitaro Ono, que tinha ido a Londres para lutar em um salão de música para o promotor William Bankier. Akitaro usaria o local para demonstrações.[5] Em janeiro de 1908, Maeda participa de um torneio no Teatro Alhambra. Maeda foi vice-campeão na divisão peso pesado, perdendo para o austriaco Henry’s Irslinger.[25] Em fevereiro de 1908, Maeda participou de outro torneio. Novamente, e ele, acabou novamente como vice-campeão, desta vez perdendo para Jimmy Esson.[26][27] No entanto, em Março de 1908, Maeda venceu Henry Irslinger, e a revista inglesa Health & Strength descreveu a vitória como “um dos melhores duelos realizados na Inglaterra em muitos anos.”.[28] Maeda também parece ter feito algumas lutas na Escócia, durante o mês de setembro de 1908, mas não se sabe ao certo se ele esteve lá, porque vários japoneses foram dar demonstrações de judô e sumô nos Jogos do Norte em Inverness.[29] Maeda também deu aulas de judô na Europa. Entre seus alunos, havia um homem chamado W.E. Steers que estava muito entusiasmado com as suas aulas, tendo mesmo indo para o Japão para ganhar aclassificação de shodan em 1912. Em 1918, Steers foi um dos primeiros não-japoneses a aderir-se a associação de londrina de jiu-jitsu, chamada Budokwai, que em 1920 iria se juntar ao Kodokan para se tornar um clube de judô.[30]
Após a luta com Henry Inslinger, em março de 1908, Maeda foi para a Bélgica. Como não gostou do país, ele logo retornou para Londres, e, em maio de 1908, participou de um torneio profissional no Hengler’s Circus. Maeda, e outro japonês, Tano Matsuda, disputaram alguns torneios na Europa, mas nenhum deles chegou nas finais.[5] Durante janeiro de 1909, Matsuda ficou famoso por perder uma luta mista para o boxeador afro-americano Sam McVey.[31]
Maeda foi para a Espanha em junho de 1908. Ele foi acompanhado por Fujisake, Ono, e Hirano. Em Barcelona, Maeda participou de lutas contra Sadakazu Uyenishi e Taro Miyake.[32] Phoebe Roberts, uma mulher de Gales, que foi anunciada como o campeã de judô feminino do mundo, fez parte da comitiva. Roberts casou posteriormente Hirano, e ficou em Portugal para o resto de sua vida.[33]
Cuba, México e América Central
Em novembro de 1908, Maeda foi para Paris, França, aparentemente para ver o seu amigo Akitaro Ono. De Paris, ele foi para Havana, Cuba, chegando lá em14 de dezembro de 1908, e seu ato de lutar duas vezes por dia, rapidamente provou ser muito popular.[5] Em 23 de junho de 1909, Maeda deixou Havana indo para Cidade do México. Sua estréia na Cidade do México teve lugar no Teatro Virgínia Fabregas, em 14 de julho de 1909. Esse show foi uma demonstração privada para alguns cadetes militares. Pouco tempo depois, Maeda começou a comparecer no Teatro Principal do México. Sua oferta permanente foi de 100 pesos (US $50) a quem ele jogasse, e 500 pesos (US $250) para quem o conseguisse vencer.[35] O jornal mexicano Mexican Herald, não registrou ninguém que conseguir levar o seu dinheiro.
Durante o mês de setembro de 1909, um japonês chamado Nobu Taka, chegou na Cidade do México com o objetivo de impugnar Maeda. Para o Mexican Herald, Taka disse que aquela luta seria o “campeonato mundial de jiu-jitsu”.[36] Depois de vários meses de provocações públicas, Taka e Maeda reuniram-se no Teatro Colón, onde aconteceria o duelo, em 16 de novembro de 1909, terminou com a vitória de Taka.[37] Mas, houve uma revanche imediata, e quatro dias mais tarde, Maeda foi pronunciado o campeão.[38]
Em janeiro de 1910, Maeda participou de um torneio na Cidade do México. Durante as semifinais, Maeda empatou com Hjalmar Lundin.[39] Este é um resultado diferente daquele que Lundin lembrou em suas memórias de 1937.[40] Em julho de 1910, Maeda retornou a Cuba, onde ele tentou organizar lutas contra Frank Gotch e Jack Johnson. Os americanos o ignoraram, já que Maeda não tinha dinheiro suficiente para desafiá-los e eles perderiam muito dinheiro se fossem derrotados por ele.[5] Em 23 de agosto de 1910, Maeda lutou contra Jack Connell em Havana. O resultado foi um empate.[41] Durante 1911, Maeda e Satake, em Cuba, foram, acompanhados por Akitaro Ono e Ito Tokugoro, tidos como “Os Quatro Reis de Cuba”.[24] Orgulhosos com a reputação que estavam trazendo para o judô e o Japão,[42] seus feitos foram reconhecidos, e em 8 de janeiro de 1912, a Kodokan promoveu Maeda ao quinto dan de faixa preta. Houve alguma resistência a esta decisão porque havia no Japão aqueles, que não aprovavam seu envolvimento no wrestling profissional.[43]
Em 1913, Ito Tokugoro permaneceu em Cuba, enquanto Maeda e Satake foram para El salvador, Costa Rica, Honduras,Panamá,Colômbia,Equador e Peru. Em El Salvador, o presidente foi assassinado enquanto Maeda estava lá, e no Panamá, os americanos tentaram pagar-lhe para perder, em resposta, eles se deslocaram para o Sul. No Peru se reuniram a Laku, um japonês que ensinava jiu-jitsu aos militares. Laku os convidou a participar das aulas. Eles foram, então, ao Chile conhecer o sensei Okura, e posteriormente a Argentina, onde encontraram Shimitsu. O grupo partiu da Argentina para o Brasil, onde chegariam em 14 de novembro de 1914.[5][44]
Brasil
De acordo com uma cópia do passaporte de Maeda fornecido por Gotta Tsutsumi, presidente da Associação Paramazônica Nipako de Belém, Maeda chegou ao Brasil pela cidade de Porto Alegre, estado do Rio Grande do Sul, em 14 de novembro de 1914.[45] Foi na própria Porto Alegre que fizeram, então, sua primeira demonstração de judô.[46] Depois disso, Maeda e seus companheiros se apresentaram ao longo do país: passando por Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife, São Luiz,, Belém. Em 18 de dezembro de 1915 em Manaus.[45]
Em 20 de dezembro de 1915, chegaram a Belém, onde se apresentaram no Theatro Politheama. Na ocasião da primeira apresentação em Belém, o jornal da cidade “O Tempo”, anunciou o evento, afirmando que “Conde Koma” iria mostrar as principais técnicas do “jiu-jitsu”, exceto aqueles proibidos. Maeda também demonstrou técnicas de auto-defesa. Depois disso, o grupo começou a aceitar desafios da multidão, e a pedido de todos, houve uma luta “sensacional” de “jiu-jitsu” entre Shimitsu, campeão da Argentina, e Laku, militar peruano e professor.[47]
Em 22 de dezembro de 1915, de acordo com o jornal “O Tempo”, Maeda enfrentou Satake, numa “sensacional luta”. No mesmo dia, Nagib Assef, um campeão australiano de origem turca de luta greco-romana, desafiou Maeda, que não quis lutar na ocasião. Em 24 de dezembro de 1915, Maeda derrotou em segundos o pugilista Barbadiano Adolpho Corbiniano, que se tornou um dos seus discípulos. Em 3 de janeiro de 1916, no Theatro Politheama, Maeda finalmente lutou contra Nagib Assef, que foi jogado por Conde Koma, para fora do palco.[47] Em 8 de janeiro de 1916, Maeda, Okura e Shimitsu embarcaram no SS Antony, que partiu para Liverpool. Ito Tokugoro foi para Los Angeles.[48] Satake e Laku foram para Manaus, onde ensinariam jiu-jitsu. Após 15 anos juntos, Maeda e Satake haviam finalmente se separado.[5][47] Desta última viagem, pouco se sabe. Maeda viajou da Inglaterra para Portugal, depois foi para Espanha e, em seguida, para França, voltando para o Brasil em 1917 sozinho. De volta ao Brasil, Maeda fixou-se em Belém do Pará, onde casou-se com May Iris.[47] Depois adotou Celeste e Clívia, suas únicas filhas.[49]
Maeda era popular no Brasil, e reconhecido como um grande lutador, mas ele lutou apenas esporadicamente após o seu retorno. Entre os ano de 1918-1919, Maeda aceitou um desafio do famoso capoerista brasileiro conhecido como “Pé de Bola”. Maeda, permitiu até que Pé de Bola usasse uma faca na luta. O capoeirista, tinha 190 centímetros de altura e pesava 100 kg. Mas, mesmo armado, Maeda venceu a luta facilmente usando o judô.[50] Em 1921, Maeda fundou sua primeira academia judô no Brasil. Era chamado Clube Remo, e sua construção foi num galpão de 4m x 4m. Mais tarde, a escola foi transferida para a sede do Corpo de Bombeiros, e depois para a sede da Igreja de Nossa Senhora de Aparecida. Desde 1991, a Academia situa-se no SESI, a saber, é dirigida pelo sensei Alfredo Mendes Coimbra, da terceira geração de descendentes do Conde Koma.[50]
Em 18 de setembro de 1921, Maeda, Satake, e Okura foram brevemente para Nova York. Eles estavam a bordo do navio a vapor Booth Line SS Polycarp. Todos os três homens foram listados em suas profissões como professores de “juitso”.[51] Depois de deixar Nova York, os três homens foram para o Caribe, onde permaneceram de setembro a dezembro de 1921. Em algum ponto nesta viagem, Maeda foi acompanhado por sua esposa. Em Havana, Satake e Maeda participaram de alguns torneios. Seus adversários incluíram Paul Alvarez, que lutou como “Español Icognito”. Alvarez derrotou Satake e Yako Okura, antes de ser derrotado por Maeda. Maeda também derrotou um boxeador cubano chamado Jose Ibarra, e um lutador francês chamado Fournier.[52]
Outros Anos
Primeiros alunos brasileiros de Maeda
Na década de 20 Maeda se envolveu na ajuda a imigrantes japoneses perto de Tomé-Açu, quando teve início o processo da imigração japonesa, participou ativamente do projeto servindo como intérprete e mediador do interesse japonês e do governo do estado. Em maio de 1927, naturalizou como cidadão brasileiro.[53] Maeda continuou também a ensinar o judô, principalmente para os filhos dos imigrantes japoneses. Consequentemente, em 1929, o Kodokan lhe promoveu ao sexto dan. E em 27 de novembro de 1941, ao sétimo dan (póstumo). Mas Maeda nunca soube desta promoção, porque faleceu em Belém, em 28 de novembro de 1941. A causa da morte foi doença renal, sendo sepultado no cemitério Santa Isabel.[5][56]
Em maio de 1956, um memorial para Maeda foi erguido em Hirosaki, Japão. Cerimônia de inauguração contou com a presença de Risei Kano e Kaichiro Samura.[5]
Influência sobre a criação de jiu-jitsu brasileiro
Em 1917 Carlos Gracie, 14 anos, filho de Gastão Gracie, assistiu a uma demonstração dada por Maeda, no Teatro da Paz, e decidiu aprender “jiu-jitsu” (conhecido na época como “kano jiu-jitsu”). Maeda aceitou Carlos como um estudante. Carlos passou, então, a ser um grande expoente da arte e, finalmente, com o seu irmão mais novo, Hélio Gracie, tornou-se o fundador do gracie jiu-jitsu, ou modernamente chamado de “brazilian jiu-jitsu” ou, ainda, “jiu-jitsu brasileiro”.[57]
Em 1921, Gastão Gracie mudou-se para o Rio de Janeiro com a família. Carlos, então com 17 anos, passou os ensinamentos recebidos de Maeda a seus irmãos: Osvaldo, Gastão e Jorge. Hélio era demasiado jovem e doente naquele momento para aprender a arte, e devido à imposição médica foi proibida de tomar parte em sessões de treinamento. Apesar disso, Hélio aprendeu judô posteriormente, com seus irmãos, logo após ter superando seus problemas de saúde e hoje é considerado por muitos como o fundador do brazilian jiu-jitsu (embora outros, como Carlson Gracie, têm apontado Carlos como o fundador).[57]
De acordo com o livro de Renzo Gracie, Mastering Jujitsu,[58] Maeda ensinou, não só a arte do judô a Carlos Gracie, mas também, ensinou uma filosofia acerca da natureza do combate, baseado em suas viagens competindo e treinando ao lado dos muitos lutadores, pugilistas, wrestlers e outros praticantes de outras artes marciais que enfrentara. O livro mostra detalhes da teoria de Maeda, de que o combate físico poderia ser dividido em fases distintas. Assim, Maeda foi um lutador inteligente, que soube manter a luta, adequando-se a fase em que melhor se adequasse as suas próprias forças. O livro, também declara, ainda, que esta teoria foi uma influência fundamental sobre as abordagens de combate do jiu-jitsu desenvolvido pelos Gracie

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